CENA 11. APTO DE CASSANDRA. INT. DIA
CASSANDRA SE SERVE DE UM DRINQUE. ARI E REGINA VÊM DO QUARTO DE MALAS PRONTAS.
ARISTÓTELES — Bem, Cassandra... obrigado por ter voltado pra se despedir...
CASSANDRA — Você me ligou tão aflito, Ari! O que foi que aconteceu? A sorte é que eu ainda estava perto do prédio... você sabe que eu tenho um compromisso.
ARISTÓTELES — Desculpa, mas não podia mais adiar essa decisão. É que nós já estamos indo embora.
REGINA — Muito obrigada pela sua acolhida, viu? Foi muito bom ficar esse tempo aqui com você e a Jan...
CASSANDRA — Imagina, querida. Disponha. Pena que agora vocês vão morar tão longe, não é mesmo? No Pari, vai ficar difícil fazer uma visita...
ARISTÓTELES — Pois saiba que eu resolvi não ir para o Pari.
CASSANDRA — Como, não? E vai morar aonde?
ARISTÓTELES — Ainda não sei. Mas resolvi ir até a mansão e conversar com o pessoal da Liga do Bem. Afinal de contas, nós também somos do bem, eu sou pai do Toni e do Danilo, que estão naquela ilha tentando salvar a humanidade, portanto também tenho direito de fazer parte desta liga!
REGINA — Tio, eu já te disse... acho essa sua idéia péssima. Duvido que eles te aceitem por lá! A casinha do Pari é pequena, é mais distante do Centro, realmente, mas é a que temos agora!
CASSANDRA — Também acho ridículo você querer implorar pra voltar a morar na mansão, Aristóteles. Conforme-se com sua nova vida!
ARISTÓTELES — E quem disse que eu quero voltar a morar na mansão? O que eu quero mesmo é ir atrás dos meus filhos e ajudá-los a salvar a humanidade! Quero me transformar num membro efetivo da Liga do Bem! Cheguei ao fundo do poço, Cassandra! Perdi tudo, perdi minha mulher, perdi meu emprego, a herança, aquela casa, meus irmãos, mas não vou ficar parado, sem fazer nada, enquanto meus filhos estão correndo perigo! Pensei muito, Cassandra! E vi que tenho que fazer alguma coisa boa, positiva, útil, para alguém. É por isso que vou à mansão... para pedir ajuda, recursos, para ir até a ilha! Cansei de ficar parado enquanto a humanidade corre perigo! Posso ter perdido tudo, casa, trabalho... mas não perdi a dignidade! E tenho certeza de que a Liga do Bem não só vai me aceitar como também vai me ajudar a chegar lá! Vou agir! A partir deste momento, vou fazer tudo que puder... pra ajudar meus filhos... pra salvar aqueles bebês... pra salvar a humanidade... e nosso planeta! Nunca mais vou ser um burguês, hedonista, preocupado apenas com meu próprio prazer! Nunca mais vou ser um egoísta, que só pensa em si mesmo! A partir de agora, vou me devotar inteiramente a servir! Servir, Cassandra! Vou ser mais um soldado da Liga do Bem!
CASSANDRA — Aristóteles, você sabe muito bem que aquela ilha é extremamente perigosa!
ARISTÓTELES — E daí? Eu não tenho medo, Cassandra. Se tiver que dar a vida para ajudar meus filhos, para ajudar a construir um mundo melhor, eu vou, eu me sacrifico, com muito orgulho! Pelo menos minha consciência ficará tranqüila!
CASSANDRA — Bem, se você resolveu assim... que seja! Boa sorte! Eu não... Não vou me jogar nas garras, nas presas dos mutantes monstruosos, dos perigos da ilha, só porque a Jan resolveu fazer o mesmo. E veja se encontra minha filha e diz pra ela voltar logo pra casa!
ARISTÓTELES — Pode deixar, Cassandra. Eu vou proteger a Jan também. Você vai ver! A partir de hoje, Aristóteles Mayer será um novo homem! (T) Agora vamos, Regininha! Não quero perder mais nem um minuto!
REGINA — Vamos. Mais uma vez obrigada, Cassandra.
OS DOIS SE DESPEDEM DE CASSANDRA E SAEM. CASSANDRA VAI ATÉ O TELEFONE.
CASSANDRA — (P/ SI) Era só o que me faltava... Aristóteles querendo salvar o mundo! Parece até um adolescente! (T) Bom, mas eu vou cuidar da minha vida! (DISCA) Alô, João? Tudo bem? Olha, se você quiser a gente pode se encontrar aqui em casa, mesmo... não vai ter ninguém pra nos atrapalhar!... (P) Ótimo. Te espero então! Beijo.
CASSANDRA DESLIGA E SUSPIRA, INTIMAMENTE INSATISFEITA.
CORTA PARA
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